Mostrando postagens com marcador happy new year. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador happy new year. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Uma viagem (des)encantada

Hey people!!!
Faz um tempaço que não escrevo e, confesso, ficou pra trás muita coisa que eu queria ter dito aqui mas por correria de trabalho ou gandaia haha acabei deixando passar.
Mas, relatar minha trip de réveillon eu faço questão! E, o principal objetivo é chamar a atenção pra que ninguém passe pelos mesmos perrengues!
Sim, foi uma trip do horror, uma maré de coisas ruins que pariu um desgaste emocional imenso, até porque, quando você tá longe de casa, do seu país, das suas pessoas amadas, você já fica um bom bocado mais fragilizada, ainda mais nessas datas comemorativas.
Para o réveillon, eu e uma amiga programamos uma trip. Três países entre 28/12 e 2/1. Bruxelas, Luxemburgo e Berlim (a virada do ano). Sendo os dois primeiros lugares pequenos, achamos que seria um tempo curto mas suficiente pra ver algo, já que esse era o tempo que tínhamos e o que o nosso bolso podia pagar.
Então, compramos as passagens de ônibus/trem, fechamos os hostels e fomos.
No primeiro dia, em Bruxelas, minha amiga acordou com uma dor insuportável na coluna e precisamos procurar um hospital. Tinha que ser público, claro! Porque dinheiro de aupair não rola de pagar médico, minha gente!
O primeiro que fomos era particular e eles nos indicaram um hospital público. Era muito longe, então, pegamos um Uber. Chegando lá, nenhum ser falava inglês, apenas francês.
Aos pouquinhos e com a ajuda do Google tradutor fomos nos entendendo e quando a secretária acabou de fazer o cadastro da minha amiga eu resolvi apenas confirmar, dizendo: “Não precisamos pagar, né? Porque como é um hospital público…”. Sorte que eu perguntei! Porque a resposta da secretária foi: “Sim, é público, mas tendo feito o cadastro dela aqui, verifiquei que ela tem condições de pagar, então, vocês tem que pagar o atendimento.”
Oi?? Não é público essa bagaça? Que condição que a menina tem de pagar?
No Brasil, pode até ser uma bosta o atendimento público, mas seja você andante ou milionário, você será atendido gratuitamente (se você conseguir atendimento, rs).
Não tínhamos dinheiro, então fomos embora e minha amiga ficou na base de paracetamol pra aguentar a batida da trip até que voltássemos pra Holanda e ela pudesse pedir ajuda pra host dela.
Ok!
De Bruxelas, seguimos pra Luxemburgo.
Quando fomos pegar o ônibus pra lá, nos perdemos na estação e ficou impossível achar o ônibus. Foi desesperador! Corremos feito loucas. Com malas, com dor, com tudo. A partida era às 18:30. Acreditem se quiserem: chegamos na porta do ônibus, suando em bicas, às 18:29.
Aproveitamos Luxemburgo e, ao fim do dia, pegamos um trem para Berlim.
E é aqui, meus caros, que as coisas pioram significativamente.
Viemos a descobrir que o trem faria três baldeações. E, uma delas duraria quatro horas, da 1 da manhã às 5 da manhã.
Só o que a gente não fazia ideia era de como era o lugar dessa baldeação. Uma tal cidade na Alemanha chamada Gerolstein, e eu nunca mais vou me esquecer desse nome.
Quando o trem parou, descemos e, o que vimos foi um grande NADA com chuva e frio. Muito frio!
A estação era deserta, aberta, quero dizer, sem lugar fechado.. Não havia uma alma viva. Nada de algum bar ou hotel perto, nada! Bateu um medo descompassado de estarmos ali sozinhas, sem abrigo pra frio, sem ninguém, sem ter pra quem pedir socorro se algo acontecesse… porque o agravante acho que é a nossa mente de brasileiro que avista perigo de longe, mesmo quando dizem que algo é seguro (como a Europa, por exemplo).
Olhamos em volta e avistamos um lugar onde talvez pudéssemos ficar, era tipo um correio onde tem aqueles monte de caixinhas trancadas pro povo pegar suas correspondências. Minha amiga foi ate lá checar enquanto eu fiquei com as nossas malas, sozinha, me borrando de medo. Ela voltou com uma notícia que, a princípio, não sabíamos se era boa ou ruim haha... negócio era o seguinte, podíamos entrar, o local era fechado e aquecido, mas tinha um morador de rua “dormindo” lá.
Minha amiga explicou pra ele o que havia acontecido e ele disse que podíamos passar a madrugada.
Entrei no lugar já chorando (dramática, né?), eu tava com muito medo.
Peguei meu cachecol, que era grosso, e pus no chão pra gente sentar em cima e tentar não pegar muita friagem.
O cara começou (querendo ou não) a assustar a gente. Ele ficava falando enquanto parecia estar dormindo e, do nada, abria os olhos (bem com cara de louquinho 😵) e, o ponto máximo foi quando ele pegou uma caixinha de metal que tinha nas mãos e arremessou na gente, batendo no pé da minha amiga e fazendo um barulhão no meio daquele silêncio cheio de medo. Nossos corações pularam pela boca e a gente levantou pra sair fora… pra piorar, ele deu de levantar junto e, meww… sem ser repetitiva, mas que medo da porra!
Saímos de lá e ainda tentamos pedir ajuda pra algumas poucas pessoas que passaram pela rua, mas em vão. Todo mundo só dizia que não tinha perigo.
Chegamos à conclusão de que a melhor solução seria ficarmos quietas na estação.
Fomos pra lá, sentamos e começamos a ouvir um barulho. Quando olhamos pro lado, tcharammmm: rato. Rato que transitava pra lá e pra cá, bem a vontade, ao nosso lado (afinal, a gente que tava na "casa" dele). Decidimos então ficar em pé caso precisássemos correr do bicho. 🙄
Lá ficamos por mais de horas. Dançamos, cantamos, fizemos alongamento, tivemos os pés congelados e teve até um segundo mendigo que chegou até nós, apontando sua muleta e brigando porque estávamos fazendo barulho e atrapalhando o sono dele, que tentava dormir no ponto de ônibus.
Mas, como diz minha mãe, não importa quão ruim, longa e escura foi a noite, o sol sempre nasce e nasce pra todos.
Nasceu lá na tal de Gerolstein também.
Pegamos o outro trem e finalmente chegamos em Berlim, mortas.
Fomos pro hostel e dormimos no dia 31 até umas cinco da tarde. Levantamos, nos arrumamos e saímos pra ir pro tal Portão de Brandenburg, onde é realizada uma das maiores e melhores festas de réveillon da Europa.
Nós andamos quilômetros, quilômetros e quilômetros e nunca que chegava no tal portão. Pra piorar o trajeto, eles têm uma cultura de comprar vários fogos de artifício e ficar soltando no meio da rua, no meio das pessoas e, literalmente, parece que vai cair na sua cabeça. Eu achei muito perigoso e desconfortável.
Enfim, a gente chegou.
Abro parênteses para acrescentar algo… ()
Até aqui, ocultei uma informação mega importante que contribuiu bastante pra foder tudo ainda mais. Não me julguem! Mas, eu não sei que diabos de contas eu fiz na minha cabeça antes de sair de casa pra essa trip, que eu deixei grande quantia de dinheiro em casa e não levei dinheiro suficiente pra viajar (e não tinha no banco). Meu dinheiro em mãos acabou. Então, minha amiga dividiu o dinheiro dela comigo, o que me gerou uma culpa imensa… porque ela fez tudo direitinho, levou dinheiro pra ter uma viagem agradável e, por conta do meu erro, eu nos coloquei em uma situação em que estávamos as duas poupando pra conseguir pelo menos comer. Juro!
Dinheiro pra trem? No way… andávamos de trem na ilegalidade rs, sem ticket. Na boa, nunca façam isso.
Fecha parênteses.
Lá no portão seguimos esperando a queima de fogos. Ela aconteceu e, na boa, que decepção!
Tenho meio dó deles acharem que isso é uma big festa! Por isso que gringo apaixona no Brasil uéh…
00:08 milhares de pessoas fazendo o mesmo caminho quilométrico pra voltar pra casa.
Foi tudo que durou, 8 minutos. Meio que se fosse um filme podia chamar “8 Km pra 8 min”.
Voltamos pro hostel, dormimos e no outro dia saímos pra passear.
Depois de tudo, confesso, a gente não tava animada, a gente tava com fome, com sono, irritação e etc. Mas fomos. Conhecemos alguns pontos turísticos e entre um e outro precisamos pegar um TRAM (que é tipo um bondinho que tem nas ruas da Europa).
Entramos e, sem dinheiro pro ticket, sentamos.
Vieram dois fiscais e nos pediram o ticket (isso acontece apenas vez ou outra mas como a gente tava na maré da falta de sorte, aconteceu com a gente). Dissemos que tínhamos tentado comprar, mas não tínhamos conseguido, se eles podiam ajudar e tal e fizemos cara de perdidas. Totalmente sem sucesso.
Os caras pararam o trenzinho, desceram com a gente, pediram passaporte e ID e deram pra cada uma 60 euros em multa.
Manooooo! Chorei, expliquei, implorei. Não tem conversa, os caras são duros! 14 dias de prazo pra pagar a multa.
Depois disso, só olhei pra minha amiga e disse: “não aguento mais. Tô indo pro hostel e só saio de lá pra ir embora.”
Fomos pra estação, COMPRAMOS TICKET e voltamos pro hostel. Eu inundei de chorar. Durante todos os 40 minutos de percurso, chorei como se não houvesse amanhã. Era cansaço, culpa (porque se eu tivesse levado dinheiro direito, não tínhamos deixado de comprar a passagem de trem), tava puta por estar tendo um primeiro dia do ano infernal, querendo voltar dali direto pro Brasil.
Graças a Deus, as coisas melhoraram depois de tudo isso. Até porque não sei o que aconteceria se piorassem… mas, eu e minha amiga conversamos, eu me senti menos culpada e mais aliviada, também fiz vídeo com minha irmã e minha melhor amiga no Brasil e, cada um a seu jeito, foi me ajudando a acalmar o coração.
No dia seguinte, pegamos o bondão de volta pra Holanda. 10 horas de viagem, sem pausa, mas aí eu já não tava ligando, eu tava indo embora pra “casa” e eu tinha recebido uma mensagem MUITO inesperada de alguém que encheu meu coração alegria (segredo!). Conversamos a viagem toda, o que fez passar mais rapidinho hehe
Quero contar da sensação MARAVILHOSA de chegar em casa, na Holanda. E aí eu percebi que tô mesmo considerando isso aqui minha casa. Cheguei, abracei meu kid, minha host, disse que tava com muita fome porque só tinha comido de manhã, comi a janta da hosta, tomei aquele banho e, no dia seguinte, dormi pra refazer cada minuto não dormido na viagem.
Demais!
Postei várias fotos da viagem no Instagram. Sempre sorrindo. Fica, então, a reflexão: não se enganem com redes sociais. Não é sempre, claro, mas às vezes pode haver um perrengue e uma tristeza imensas atrás daquela pessoa super feliz que você assiste da tela do seu celular.
Por fim, dicas: chequem as baldeações do trem antes de comprar a passagem, levem dinheiro suficiente e uma reserva, nunca andem de trem sem ticket e evitem fazer tantos países em poucos dias… porque se o cansaço bate, você não curte, real!
Ahhhhhhhhhhh, e minha maior e mais recente descoberta, a Europa não é tão o máximo assim. Paremos de inferiorizar o Brasil (eu mesma sempre fiz isso) - assunto pra outro post.
No mais, go ahead!
Best regards.